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Giulia
Autor : Giulia Baccarin (@HelenaBonham_Br)
Elenco : Mrs Lovett, Sweeney Todd, Juiz Turpin, Beadle.
Contém : Agressão Física
~~ 1 Capítulo : O triângulo amoroso da Rua Fleet.
Já eram 5 horas da manhã, Mrs Lovett andava de um lado para o outro, seu suor pingava no chão preto da sala,
estava nervosa demais para dormir, só conseguia pensar em uma coisa ''Aonde estara Sweeney Todd?''
Ela até chega a pensar que ele nunca mais voltaria, já que estava tão estressado que quase a matara esta noite,
mas ele havia deixado suas navalhas para trás, ele jamais deixaria suas navalhas banhadas a prata e simplesmente
sairia, para nunca mais voltar, ela tinha certeza que não.
Então ela ouve a porta abrir, depressa demais,e seu coração começa a desparar, então ela vira a sua volta,
e quem está à sua frente é o Juiz Turpin,ela meio surpresa observa-o tentando imaginar por qual razão ele viera ao
seu encontro aquela hora,
- Aceita uma torta? ou um pouco de gin?
- gin, é, sim, obrigada.
Ela caminha até o armarinho da cozinha, pega a garrafa de gin, serve um copo e o entrega ao Juiz Turpin, ainda
meio apavorada com sua presença em seu estabelecimento, mas tenta desfarçar sua cara de espanto.
Juiz Turpin começa a tomar seu copo de gin, num silencio profundo, o único som que se escuta são os grandes goles de
Turpin, parecia que estava bebendo rápido demais, como se estivesse com pressa para fazer algo urgente, Mrs Lovett
pensa em acabar com o silencio puxando assunto, mas antes que pudesse começar a falar Juiz Turpin sussurou algo.
- O que disse? - indagou Mrs Lovett em alto e bom som.
- Eu não vim aqui para tomar gin, queria falar com você...
- Então fale..
- Bom, eu queria esclarescer umas coisas...
- Fale..
Juiz Turpin se sentou à mesa, ao lado de Mrs Lovett, parecia que algo em sua garganta o impedia de falar, ele bufou umas vezes,
mas então disse com uma expressão de desespero:
- Eu te amo.
- O QUÊ? - Mrs Lovett deu um grito como se lhe tivessem informado a morte de alguém, jamais esperaria por isso, jamais.
Então Juiz Turpin se aproximou dela e lhe fez um carinho suave nas maçãs do rosto, Mrs Lovett estava pálida, não sabia mais o que
fazer, ela nunca gostou de Turpin, mas parecia que estava imóvel, parecia que não tinha jeito de escapar do carinho do Juiz.
- Eu sempre te amei - Disse o Juiz Turpin ainda com as mãos em seu rosto, ele podia sentir que Mrs Lovett estava gelada.
Ela continuou o encarando, como se esperasse que de repente iria acordar e tudo aquilo seria um sonho, ou melhor, um pesadelo,
ele começou a se aproximar de Mrs Lovett como se fosse lhe cochichar algo no ouvido, mas virou-se e lhe deu um beijo.
Mrs Lovett levou um baita susto e se afastava do Juiz enquanto lhe metia uma bofetada na cara, então ela vira para a porta,
e vê Sweeney Todd observando os dois, ela nunca estivera tão constrangida em toda vida como nesse momento, ela começou a se
levantar, pensando em um jeito de se explicar para Sweeney.
Sweeney Todd sentira uma sensação que jamais sentiu antes, ele estava com raiva, com muita raiva do Juiz Turpin, ele
apenas não queria ter visto isso, ele não queria ter visto o Juiz Turpin beijar Mrs Lovett e, mesmo que nunca
demonstrara algum sentimento por Mrs Lovett antes, ele sentia ciúmes, ele estava com muito ciúmes.
Mrs Lovett vinha caminhando em direção de Sweeney, mas antes que chegasse ao seu encontro, Sweeney saiu em desparada ao
encontro do Juiz Turpin, pegou sua navalha na mesa, apertou-lhe o pescoço, e quando estava prestes a lhe cortar a garganta
Mrs Lovett gritou:
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO? ESTÁ LOUCO?
- Ele te beijou.
- E desde quando isso lhe importa?
Antes que Mrs Lovett pudesse dizer mais alguma coisa, Sweeney Todd enfiou sua navalha na garganta do Juiz Turpin, com toda força que
pode, o pescoço do Juiz jorrava sangue para todos os lados, como um cano furado.
Sweeney Todd escutava o Juiz gritar de dor, ainda não tinha morrido, e Sweeney parecia se divertir com a cena, então ele sentiu
uma mão tocando-lhe o ombro,
- Mate-o, acabe com o sofrimento dele. - disse Mrs Lovett, como se tivesse feito uma escolha difícil.
- Não, eu quero ver ele sofrer, eu quero assistir isso até a última gota de sangue pingar no chão.
- Olhe o que você fez, as pessoas vão descobrir, nós estamos ferrados.
- Ninguém vai descobrir nada, podemos fazer uma simulação como se ele tivesse se matado.
- Eu ainda não acredito que fez isso, o que deu em você?
- Quando eu entrei por aquela porta, quando vi vocês se beijando, nesse momento eu percebi o quanto você significa para mim,
eu percebi o quanto eu te amo.
Mrs Lovett não acreditara no que ouvira, depois de tudo, tudo o que fez, Sweeney Todd finalmente dissera que a ama, depois de tanto
tempo que ela esperara para ouvir isso, ela levantou a mão, e acariciou o queixo de Sweeney Todd, que estava com gotas de sangue em
todo o rosto e roupa, e lhe deu um beijo, pela primeira vez na vida, Mrs Lovett sentiu uma felicidade profunda dentro de sua alma
e uma lágrima caíra de seus olhos, mas antes que pudesse dizer mais alguma coisa,
Juiz Turpin estava puxando seu vestido, ele ainda estava vivo, e susurrava algo, algo que nem Mrs Lovett e nem Sweeney Todd puderiam entender,
então Sweeney Todd se agaichou, e mais uma vez enfiou a navalha cheia de sangue na garganta do Juiz, mas dessa vez fora fatal, ele simplesmente
parara de puxar o vestido de Mrs Lovett, e estava com os olhos arregalados, olhos que jamais voltariam a piscar,
então Mrs Lovett passou os dedos suavemente em cima de seus olhos,fechando-os.
Para cortar o silêncio, Mrs Lovett disse:
- O que iremos fazer com ele?
- Nós podemos o esconder, o enterrar, por aí, eu não estou preocupado com isso agora.
Mrs Lovett olhou para Sweeney Todd como se esperasse que ele fizesse alguma coisa, seus olhos brilhavam só de olhar para ele, e então ela
preencheu seu rosto com um sorriso meio disfarçado.
Sweeney Todd se aproximou de Mrs Lovett, passou as mãos em sua cintura e lhe deu um beijo, Mrs Lovett retribuira o beijo com o maior amor
que pudera dar a Sweeney, estava tão feliz e ansiosa, que agitada pusera suas duas mãos envolvendo o rosto de Sweeney Todd, e continuara a
beijá-lo, então Sweeney Todd percebeu que Mrs Lovett estava sem fôlego, parou de beijá-la por um minuto para que ela pudesse respirar,
e a pegou no colo e, Mrs Lovett soltou um suspiro, estava se sentindo como nunca se sentira antes, era impossível explicar a sensação
de ser amada por Sweeney Todd, então ela encostou a cabeça em seu peito, enquanto ele subia as escadas.
~~ Capítulo 2 : Uma pequena surpresa
Sweeney Todd terminara de subir os degraus e eles chegaram ao quarto, Sweeney colocou Mrs Lovett delicadamente em cima da cama e se sentou
ao seu lado
- Você quer se casar comigo?
- SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM, claro que sim, eu te amo.
Mrs Lovett ficou tão feliz e empolgada com o pedido que começou a chorar, então Sweeney Todd passou a mão em seu rosto, enxugando a lágrima
e disse:
- Você fica linda quando chora. - e deu um sorriso
Então Mrs Lovett não se aguentou e praticamente pulou em cima de Sweeney, lhe dando um abraço tão caloroso como nunca tivera feito antes
na vida, ela estava muito feliz que não podia controlar sua empolgação, então começou a dar varios beijos em Sweeney, se sentia como
se finalmente seu principe encantado chegara para a resgatar.
Depois de tudo, eles acabaram caindo no sono…
Mrs Lovett acordou e viu-se enrolada em um lençol, e Sweeney Todd dormindo ao seu lado, então aquilo não fora um sonho, aquilo realmente
tinha acontecido, Mrs Lovett deu uns dois beijinhos em Sweeney e foi se vestir.
Ela desceu as escadas e viu que o Juiz Turpin não estava mais lá, no chão, aonde eles o largaram na noite passada, ele havia sumido,
Mrs Lovett apavorou-se e subiu correndo até o quarto, gritando.
- Ele sumiu, ele sumiu! - dizia Mrs Lovett aos berrros.
- Quem? o que? - Sweeney Todd acordara com os gritos de Mrs Lovett.
- O Juiz Turpin, ele desapareceu!
- Meu deus, vamos atras dele antes que alguem descubra - Disse Sweeney Todd com um tom de medo em sua voz.
Os dois desceram as escadas depressa, quase tropeçando, e encontraram o chão ainda todo cheio de sangue
- Olhe, vamos seguir as pegadas de sangue, estão indo para fora - Disse Sweeney
Mrs Lovett nem respondera, apenas continuou seguindo Sweeney, eles já estavam do lado de fora da loja, Mrs Lovett estava ofegando muito
que mal conseguia respirar, apertara demais seu espartilho naquela manhã, e Sweeney Todd estava apenas quieto, atento a cada barulho ou
movimento que pudera captar…
A cidade estava praticamente deserta, não se sabe bem o que estava acontecendo, talvez fosse cedo demais, ou devia ser por causa do
frio imenso e da neve que caia em cima deles, estava tudo muito quieto, quando eles acharam uma porta, era meio preta desgastada, que estava
quase cinza, muito feia por sinal.
- Olhe na maçaneta, isso é sangue. - Mrs Lovett percebera o detalhe apesar de estar bem escuro no local.
- Eu vou entrar, você espere aqui - Disse Sweeney Todd com um pouco de aflição em sua voz.
- De jeito nenhum, eu vou com você - Disse Mrs Lovett indiginada.
- Não, você vai esperar aqui, é muito perigoso - Sweeney Todd estava já estressado.
- Tudo bem, mas tome cuidado
Mrs Lovett estava angustiada, e Sweeney Todd percebera isso, então deu-lhe um beijo e falou :
- Não se preocupe, tudo vai ficar bem.
Mrs Lovett deu um sorriso, nunca fora uma boa mentirosa, mas esse sorriso até foi bem convincente.
Sweeney Todd foi entrando, era apenas uma sala bem escura e pequena, então avistou um tunel, pensou que o Juiz Turpin pudesse estar lá,
já que havia manchas de sangue no carpete preto da salinha, então agachou-se e foi engatinhando pelo túnel.
Estava bem escuro, Sweeney quase que não podia enxergar nada, estava também preocupado com Mrs Lovett o esperando a uns metros, será
que o Juiz Turpin estaria lá fora, será que ele mataria Mrs Lovett? ele estava bem confuso, mas continuou engatinhando, de repente
ele caiu no chão, aquele túnel o levara para uma outra salinha, e havia uma cadeira grande, e havia certamente alguem sentado nela,
Sweeney Todd engoliu em seco.
- Sweeney Todd? - A voz do homem na cadeira disse, era uma voz conhecida por Sweeney, mas ele tinha certeza que não era o Juiz Turpin.
Sweeney não respondeu nada, continuou pensando em quem seria o homem sentado na cadeira.
- SWEENEY TODD? O BARBEIRO ASSASSINO DA RUA FLEET? - O homem perdera a paciencia.
- Sim senhor, sou eu mesmo, quem é você? - Sweeney falou depressa.
O homem não respondera, apenas virou-se.
- Beadle? - disse Sweeney quando vira o ‘amigo’ do juiz.
- Sweeney Todd, ou devo dizer, Benjamim Barker? - disse Beadle, com uma certa arrogancia em sua voz.
- Q-Que é isso? o que você está fazendo aqui? - Ele ainda não acreditara no que vira.
- O que EU estou fazendo aqui? você que veio ao meu encontro!
- B-bom, então, foi engano, eu estou de partida..
Mas antes que Sweeney pudesse retomar seu caminho e ir embora, uma porta se abriu.
Ele conseguia ouvir uns gemidos abafados de alguém que não podia respirar,
- Aqui está ela, Beadle - Disse um homem encapuzado.
Sweeney olhou bem, havia um homem encapuzado segurando uma mulher, mas não era uma mulher qualquer, ele segurava Mrs Lovett, uma mão prendia
sua boca e quase que seu rosto inteiro, e outra mão lhe segurava contra seu peito. Ela gemia, não conseguia respirar, e estava muito suada,
como se já não conseguisse mais lutar para que o homem a soltasse.
- Você é muito esperto, não é Sweeney? - disse Beadle como se tivesse assistindo um filme de comédia.
- O que, o que você está fazendo? solte-a, ela não tem culpa, quem o matou fui eu! - disse Sweeney
- Hum..quem você matou, Sweeney? - Beadle estava se sentindo como um comediante, não conseguia esconder o sorriso em seu rosto.
- Deixe de se fazer de bobo, eu matei o merda do Juiz Turpin, você sabe isso - Sweeney queria matar Beadle.
Beadle apenas gargalhou, não tinha o que falar, parecia se divertir com a situação.
Mrs Lovett caiu do choro, estava quase morrendo, mal conseguia respirar.
- Me diga o que quer, mas por favor, deixe ela em paz. - Disse Sweeney quase que chorando também.
- Mas é ELA o que eu quero.
- O quê? O quê você quer dizer com isso? - Disse Sweeney indiginado.
- Você ouviu, eu quero a Mrs Lovett, eu quero ela, é bem simples.
- Não, não é simples, você não vai ficar com ela.
- Como se você se importasse, você nunca ligou para ela - disse Beadle ainda sorrindo.
- Não, você não vai ficar com a Mrs Lovett, nunca, jamais.
- Poxa Sweeney, você só me dá trabalho, eu achei que você fosse me entregar ela numa boa, mas você quer sofrer, não é? - Beadle se estressou.
Sweeney ficou calado, não sabia mais o que falar, então Beadle levantou-se e foi andando na direção de Mrs Lovett, chegou bem perto,
e passou a mão em seus cabelos, como se estivesse acariciando um bebê, virou-se para Sweeney, mas ele não demonstrou nenhuma expressão,
Beadle resolveu apelar, para ver até onde Sweeney aguentaria,
- Solte-a - Disse ele como se estivesse chamando alguém para dançar.
O homem encapuzado soltou Mrs Lovett, e como ela estava fraca demais, caiu no chão, ele pegou sua mão e a levantou, abraçou Mrs Lovett
como se estivesse abraçando um bichinho de pelúcia, nesse momento, uma pequena lágrima caíra no rosto de Sweeney, e o homem encapuzado
estava apenas observando a cena, Beadle colocou uma mão no rosto de Mrs Lovett e a outra em sua cintura e lhe deu um beijo forçado,
Mrs Lovett tentara reagir mais estava fraca demais para fazer qualquer coisa, então Sweeney puxou Beadle pelos cabelos e Mrs Lovett caiu
no chão, ele nem reparou isso no momento, queria matar Beadle, estourar cada veia de seu pescoço, uma por uma, então pegou sua navalha e
antes que pudesse matar Beadle o homem encapuzado gritou :
- Pare já com isso, ou eu mato ela!
Ele estava segurando uma faca contra o pescoço de Mrs Lovett, quase que enfiando já, Sweeney parou, jogou a navalha no chão, e falou bravo:
- O que vocês querem de mim? Parem de fazer isso com ela!
~~ Capítulo 3 : A Escolha de Sweeney Todd
O homem encapuzado ainda com a faca na mão levantou Mrs Lovett segurando seus cabelos castanhos e ondulados, ela gritava de dor, ele apoiou
Mrs Lovett em si mesmo e ficou esperando a reação de Sweeney Todd.
- Tudo bem, tudo bem, eu não vou machucar Beadle, mas solte ela.
O homem encapuzado não respondeu, apenas continuou encarando a cena, então Mrs Lovett pisou em seu pé, ainda tentando fazer com que ele
a soltasse
- Cale essa maldita boca que eu não te mato - Ele sussurou tão baixo em seu ouvido que Sweeney Todd e Beadle não ouviram.
Ela parou de fazer qualquer movimento no momento em que ele terminou de falar, ela sentiu um abafado em seu ouvido, mas a voz não lhe
era conhecida, ela tinha certeza disso.
Beadle assim que retomou ar olhou para Sweeney Todd meio que horrorizado e disse com um ar de brincadeira, como se quisesse descontraír
a situação :
- Haha, essa foi quase, não foi?
Sweeney Todd não achara a menor graça apesar de Beadle estar rindo, ele ainda estava com muito ódio, e meio ofegante.
Beadle se levantou e foi caminhando em direção de Mrs Lovett, Sweeney Todd pensou em ir atras dele mas recuou o passo,
- Então, Mrs Lovett, a senhora gostou do beijo? - Ele queria provocar Sweeney Todd, isso estava na cara.
Mrs Lovett não respondeu nada, só continuou olhando de Beadle para Sweeney, mas não sabia bem como reagir,
- A senhora não se lembra do meu beijo? a senhora quer que eu lhe beije de novo? - Beadle encostara sua mão no queixo de Mrs Lovett
Automaticamente Mrs Lovett cuspiu na cara de Beadle enojada, não iria permitir que ele a beijasse de novo, preferia morrer, então
olhou para Sweeney como se pedisse socorro pelo olhar, seus olhos lacrimejavam, ela estava assustada.
- Não toque nela - disse Sweeney assim que percebera o olhar desesperado de Mrs Lovett
- Ora, ora, e porque eu deveria lhe obedecer, Sweeney Todd? - disse Beadle ainda provocando.
- Eu só queria saber uma coisa, por que isso? O que você ganha com tudo isso?
- A Mrs Lovett - disse Beadle gargalhando - Eu realmente esperava que você fosse mais inteligente, mas estou vendo que pensei errado.
Sweeney não respondeu.
- Vá embora, se ficar aqui eu te mato, eu sei que você não ama realmente a Mrs Lovett, vá embora, salve a sua pele - disse Beadle, sério.
Sweeney olhou de Beadle para Mrs Lovett e o rapaz encapuzado, como se estivesse pensando no que fazer, sua mente o pertubava, ele teria
que escolher, ele pensou bem que nunca tinha amado Mrs Lovett de verdade, aquilo fora apenas uma noite, apenas um momento, ele não estava
certo se valia a pena arriscar sua vida por ela.
- Me desculpe......Mrs Lovett....eu sinto muito....- Ele não sabia como dizer isso.
Mrs Lovett olhava para ele como se tivesse levado uma facada no peito, ela pedia em pensamento para que ele não a deixasse ali.
- Eu...eu não tenho outra escolha....- Disse Sweeney Todd dando meia-volta e retornando ao túnel, aos poucos não podiam mais ouvir
os seus passos, ele já estava bem longe.
Mrs Lovett simplesmente não conseguia acreditar no que acabara de acontecer, depois de todas as coisas lindas que ele a dissera, depois
de tudo que acontecera, Sweeney a deixara com aqueles homens, talvez ele não fosse como ela sempre pensou, talvez ele fosse apenas um
mentiroso, aproveitador e covarde, talvez ele não fosse o homem de seus sonhos, Sweeney Todd não era o amor de sua vida, não mesmo.
- É, Mrs Lovett, o seu principe encantado, não é perfeito como a senhora esperava, ele a deixou aqui, indefeza - Disse Beadle com cinismo.
Mrs Lovett abaixara a cabeça e a faca que o homem encapuzado segurava o tempo todo contra seu pescoço quase a corta, mas ele tirara a
faca no momento em que percebeu que poderia cortá-la.
~~ Capítulo 4 : Adeus Beadle
Beadle olhou para Mrs Lovett com uma cara de cachorrinho perdido, como se quisesse provocar ela também,
- Tadinha de você.........Agora você não tem outra escolha, se não a mim - disse ele gargalhando
- Rapaz, traga ela aqui! - disse Beadle
O homem encapuzado veio ao encontro de Beadle, puxando Mrs Lovett, e a sentou na cadeira, agora segurando firme em seu braço, para
que ela não tentasse fugir.
- Então Mrs Lovett, o que você tem a me dizer? - disse Beadle arrumando os cabelos de Mrs Lovett
Mrs Lovett continuou calada, não tinha nada pra dizer a Beadle, realmente não sabia qual seria sua proxima atitude, estava desiludida
e ainda raciocinando tudo o que acabara de acontecer.
- Eu estou falando com você, Mrs Lovett. - disse Beadle começando a se irritar.
Mas Mrs Lovett não dissera uma palavra quando inesperadamente Beadle meteu-lhe um tapa na cara, Mrs Lovett olhou para ele com o olho
arregalado, jamais pensaria que Beadle, o simples capacho do Juiz Turpin poderia tomar aquela atitude, ele sempre foi...um nada.
- Acordou? ou quer que eu lhe dê outro tapa para você entender? - disse Beadle, sarcástico.
- Não precisa mais me bater, eu só não tenho nada a dizer - disse Mrs Lovett
- Hum...a senhora não quer desabafar? - Beadle voltara a gargalhar com sarcasmo.
- Não.
Mrs Lovett estava com uma agonia presente em sua voz, dava para perceber isso claramente, era como se ela estivesse sendo torturada.
Beadle se abaixou um pouco e foi chegando cada vez mais perto de Mrs Lovett, cada vez mais perto, quando ele sentiu uma dor enorme,
o homem encapuzado havia enfiado a faca em suas costas, ele não conseguia descrever a sua dor naquele momento, o homem tirou a faca
com esforço e Beadle caiu para tras.
- Meu Deus, o que, o que? - Mrs Lovett tomou um susto com a atitude inesperada do homem encapuzado.
Ele apenas levantou a faca e enfiou no meio do peito de Beadle, que estava quase morrendo, não iria aguentar mais muito tempo.
- Vamos! - disse o homem encapuzado.
- Quê? - Mrs Lovett ainda estava assustada.
- Vem logo - disse o homem puxando Mrs Lovett pelo braço e a levando através do túnel.
Quando eles saíram do túnel já estava de noite, e Sweeney não estava lá fora.
- Você é doido? e se ele sair de lá? - disse Mrs Lovett olhando seriamente para o homem encapuzado.
- Ele não vai sair de lá, estava a beira da morte, não vai ter forças suficiente para atravessar o túnel.
- Hum...
O homem encapuzado parecia estar com muito calor, então tirou sua capa, ele tinha um cabelo meio preto com fios brancos, todo bagunçado,
como se tivesse preguiça de pentear, os seus olhos eram de um castanho escuro, que parecia que podia ver através da alma, olhos
sinceros, mas ainda tinham um pouco tristes, por mais que tivesse fios brancos em seu cabelo, tinha a aparencia de uma pessoa de 38
anos, não era nem magro, nem gordo, era normal.
- Meu nome é Timothy, Timothy Smith.
Mrs Lovett ficou olhando-o de cima para baixo, analisando cada mínimo detalhe, porque até aquele momento, só tinha visto seu braço.
- Você aceita uma torta? - disse ela.
- Você faz tortas? - disse ele, parecia surpreso.
- Sim eu vendo tortas, mas elas não são lá as melhores tortas de Londres...-começou Mrs Lovett
E eles foram caminhando até a sua loja de tortas, chegando lá Mrs Lovett olhou bem o local, ainda havia sangue no chão, mas ele pareceu não
perceber, ela foi até o forno e pegou duas tortas, levando as à mesa falou :
- Aceita um pouco de gin?
- Claro, eu adoraria, estou com muita sede - disse o rapaz, educadamente.
- Então, Timothy, porque você estava como cumplice de Beadle, e depois, o matou? - perguntou Mrs Lovett.
Timothy engoliu o primeiro pedaço de torta e disse:
- Beadle me enganou, ele disse que você e Sweeney Todd estavam o ameaçando de morte, e que tinham matado um cara ai.
- Nós não estavamos o ameaçando de morte - disse Mrs Lovett, somente disse isso, Timothy não precisava saber que eles tinham matado Turpin.
- É, depois eu percebi que Beadle era o vilão da história, então dei um fim nisso - disse Timothy mordendo outro pedaço de torta.
- E porque você esperou Sweeney Todd sair para dar um fim nisso? - disse Mrs Lovett, ela não estava muito crente no que ele dizia.
- Sweeney Todd foi embora porque quiz. - disse ele como se estivesse sendo encurralado.
Nesse momento uma lágrima atravessou o rosto de Mrs Lovett, mas ela enxugou antes que ele podesse perceber que ela estava quase chorando
de novo.
- Eu estou cansada, vou dormir - disse ela, queria acabar com aquele assunto.
- Tudo bem, eu posso dormir aqui em baixo? - disse Timothy.
- Claro, tudo bem. - disse Mrs Lovett subindo as escadas.
Mrs Lovett chegara ao quarto com esperanças que Sweeney Todd estivesse lá, sentado na cama, esperando por ela, mas estava tudo vazio,
Sweeney aparentemente passara por lá e levara suas coisas embora, não tinha nem mais rastro dele. Ela tomou um banho e depois foi se deitar,
mas não estava conseguindo dormir, estava chorando muito, Timothy conseguia ouvir seus soluços lá de baixo, mas aos poucos ela foi
adormecendo.
~~ Capítulo 5 : O Susto
Mrs Lovett acordou com batidas de leve na porta, e um sussuro disse:
- Mrs Lovett?
Era a voz de Timothy e Mrs Lovett logo respondeu:
- Sim, já estou descendo.
Mrs Lovett deu uma ajeitada em seus cabelos, que estavam presos desde aquela noite, ela nem se lembrou de soltar, colocou seu vestido
e desceu as escadas e viu Timothy debruçado sobre a mesa, aparentemente ele não teve uma boa noite de sono, parecia estar bem cansado
ainda, então Mrs Lovett se sentou e continuou encarando-o.
Eles ficaram se encarando por uns segundos até que Timothy na tentaviva de acabar com o silêncio disse mais alto do que devia :
- Muito boas as suas tortas!
Mrs Lovett olhou para ele com uma cara de espanto e começou a rir estéricamente, ele olhou para Mrs Lovett dando um sorriso, porém
não entendendo o motivo de sua gargalhada, mas era bem óbvio para ela, era impossível ele ter gostado das tortas, mesmo que não soubesse
do que eram feitas, elas tinham um gosto não muito...agradável.
- Você é um rapaz muito educado, Timothy - disse ela quando recuperou seu fôlego.
- E você é uma mulher muito engraçada, Mrs Lovett - disse Timothy tentando descontraír.
- Obrigada - disse Mrs Lovett ainda sorrindo.
O silêncio os cercou de novo, então Mrs Lovett percebeu que era sua vez de começar :
- Timothy, já que gostou tanto das tortas, aceita mais uma?
- Sim, sim, eu estou com fome - disse Timothy rindo.
Mrs Lovett riu também, e foi pegar as tortas, porém pegou só para Timothy, ela tinha que arrumar a loja, logo os clientes iriam chegar, ela
serviu a torta e um pouco de gin para Timothy e foi arrumar a loja. Enquanto Timothy comia ficava observando Mrs Lovett, em cada coisa que
ela fazia, mas Mrs Lovett não percebeu, estava bem ocupada.
- Bom dia - disse uma voz na porta.
Mrs Lovett estava lavando as mãos, virou e lhe disse :
- Bom dia senhor, gostaria de uma torta?
- Sim, obrigada - disse o senhor sentando-se à mesa.
Mrs Lovett serviu-lhe a torta e o homem disse :
- Aonde está Sweeney Todd? estou precisando me barbear.
- Sweeney se mudou - disse Mrs Lovett com um olhar triste.
- Ah, certo. - O homem disse sem-graça ao perceber a reação de Mrs Lovett.
Mrs Lovett deu um sorriso para disfarçar.
- Quer ajuda com a freguesia? - disse Timothy educadamente.
- Sim, seria muito bom - disse Mrs Lovett meio que aliviada por alguem ter cortado o silêncio.
O dia foi bem longo, o estabelecimento de Mrs Lovett nunca ficara tão cheio como naquele dia, Mrs Lovett estava bem cansada, ela olhou
para a mesa e aquele senhor, estava ainda ali, parado, o mesmo senhor daquela manhã, na mesma mesa, parado, observando-a.
- Senhor? - disse Timothy ao perceber que Mrs Lovett o encarava.
- Sim,já estou de saída. - disse o homem olhando de Timothy para Mrs Lovett e saindo da loja.
Timothy olhou para Mrs Lovett e falou:
- Qual é a desse velho?
Mrs Lovett olhou com um olhar arregalado para Timothy e disse:
- Não sei, ele ficou aí o dia inteiro, como se estivesse observando, mas só percebi que ele ainda estava ai agora.
- Vai saber né, cara estranho. - disse Timothy tentando descontraír.
- Aé, Timothy, se você quiser você pode dormir na barbearia do Sweeney Todd - disse Mrs Lovett com um sorriso educado.
- Muito obrigada Mrs Lovett. - disse Timothy agradecido.
- Bom, estou cansada, vou dormir, boa noite. - disse Mrs Lovett subindo as escadas.
Timothy foi andando até a barbearia, que ficava do lado de fora da loja, subiu as escadas, porém Sweeney Todd parecia ter levado tudo,
travesseiro, cobertor, Timothy voltou para a loja para perguntar pra Mrs Lovett aonde tinha mais travesseiros, mas ela ja estava lá em
cima, então ele resolveu subir, bateu de leve na porta, e a porta se abriu um pouco sozinha, ele olhou o reflexo no espelho e lá estava
Mrs Lovett, ela estava de camisola ajeitando seus cabelos na frente do espelho, seus cabelos estavam soltos, eram bem maiores do que
pareciam, quando ela viu no reflexo que a tinha alguém a observando ela deu um grito.
